Águas do Rio São Francisco chegam ao açude de Boqueirão, após 41 dias na PB

Por Artur Lira, G1 PB - em 1108

Águas da transposição chegaram ao espelho d’água do açude, que está com 2,9% da capacidade.

Uma semana após a chegada à bacia hidráulica do açude Epitácio Pessoa, conhecido como açude de Boqueirão, no Cariri paraibano, as águas da transposição do Rio São Francisco encontraram, às 20h desta terça-feira (18), o espelho d’água do reservatório – até o sangradouro do açude, ainda faltam 8 km. O encontro das águas ocorre 41 dias após as águas do “Velho Chico” chegarem à cidade de Monteiro, na Paraíba.

Com o pior nível desde a fundação, no fim da década de 1950, Boqueirão começa a receber as águas do Rio São Francisco com a expectativa de sair do volume morto em até três meses. O açude que abastece 1 milhão de habitantes em Campina Grande e outras 18 cidades chegou nesta terça-feira a 2,9% da capacidade.

Antes de chegar ao espelho d’água de Boqueirão, ainda durante a tarde desta terça-feira, as águas do “Velho Chico” já haviam chegado a uma pequena lagoa que ainda restava isolada na bacia hidráulica do açude, onde, com a luz do dia era possível ver a divisão do encontro das águas: do lado esquerdo (da foto abaixo) a água mais clara é a da tranposição do Rio São Francisco. Já a da direita – mais escura – é a pouca água que ainda restava em uma das lagoas da bacia hidráulica de Boqueirão.

Boqueirão tem capacidade para armazenar até 411.686.287 de m³ de água, mas está com pouco mais de 11,9 milhões, segundo os dados da Agência Executiva de Gestão das Águas da Paraíba (Aesa). Para sair do volume morto, ele precisar ficar com o nível de água acima de 8,2%.

O último pior índice registrado em uma crise hídrica anterior ocorreu no fim da década de 1990, quando o açude chegou à margem de 14% do volume total. Ele nunca havia chegado ao volume morto antes.

A torre construída para auxiliar no monitoramento do volume do açude já está completamente descoberta. As duas comportas que captavam a água no fundo do açude por meio da gravidade já não têm mais água no entorno.

A transposição

A água da transposição do Rio São Francisco chega à cidade de Monteiro, na Paraíba, através do eixo leste. Neste trecho, a água é captada na cidade de Petrolândia, no Sertão de Pernambuco e viaja por 208 quilômetros até chegar a cidade paraibana. As águas chegaram a Monteiro, no dia 8 de março deste ano.

A água captada do Rio São Francisco passa por seis estações elevatórias de água, cinco aquedutos, 23 segmentos de canais e ainda 12 reservatórios. A intenção da criação dos reservatórios é beneficiar as comunidades onde foram construídos e também garantir que a água não pare de correr pelos canais, caso seja necessário fazer algum reparo no trecho.

Os 12 reservatórios são: Areais, Braúnas (o maior deles, com capacidade para mais de 14 milhões de metros cúbicos de água), Mandantes, Salgueiro (5,2 milhões de m³), Muquem, Cacimba Nova, Bagres, Copití, Moxotó, Barreiro, Campos (o segundo maior com 8 milhões de m³) e Barro Branco.

Passagem da água na Paraíba

Depois de chegar a Monteiro, as águas da transposição vão para o Rio Paraíba e através dele segue pelos açudes de São José I e Poções, ainda na cidade de Monteiro; pelo açude de Camalaú; pelo açude de Boqueirão; pelo açude de Acauã, em Itatuba; pelo açude de Araçagi e depois segue para um perímetro irrigado no município de Sapé.

O açude São José I já está sangrando com a chegada das águas da transposição do Rio São Francisco. Já o açude Poções está com um volume de 6,6%, o açude de Camalaú está com 14,4%, o açude de Boqueirão está com 3%, o açude de Acauã está com 5,3% e o açude de Araçagi está com 71,3%.